Carcassonne


Carcassonne é das cidades medievais mais bem preservadas da Europa e dos locais mais visitados de França, recebendo milhões de turistas todos os anos. Situada nas margens do Rio Aude, pode dizer-se que é duas cidades numa, dividida pela Ponte Velha: do lado direito encontra-se a Cité e do lado esquerdo o novo burgo, que se começou a formar no século XIII. Preparem-se para uma autêntica viagem no tempo ao castelo encantado.


Entrada para a Cité
Quando chegamos à Gare de Carcassonne, a nossa primeira preocupação foi livrarmo-nos das malas. Tínhamos decidido ficar para o dia seguinte para vermos o castelo à noite. Recolhemos o mapa no posto de turismo e em poucos minutos tínhamos-nos dirigido ao hotel e estávamos de regresso.

Era dia de mercado e as ruas estavam apinhadas de gente. Vêem-se senhoras muito bem cuidadas a puxarem os seus carrinhos de mão com baguetes e ramos de flores. Este foi o principal motivo pelo qual escolhemos visitar Carcassonne neste dia: nas nossas viagens tentamos o mais possível estar próximos dos habitantes locais e perceber o seu modo de vida.

A caminho do mercado detêmo-nos na montra daquilo a que o franceses chamam “épicerie fine” e que é de paragem obrigatória. Respiramos fundo e entramos no paraíso dos "foodies" e amantes de bom vinho: a La Ferme. É um local para quem gosta de comer, de cozinhar e de tudo o que tem a ver com cozinha. Os seus queijos, os vinhos, champanhe, guloseimas ou produtos de luxo, como o foie gras ou caviar: imaginem todas estas iguarias, numa única loja, com um cheiro incrível e uma apresentação e atendimento exímios.

Saímos deste paraíso "gourmand" e seguimos para o mercado, na Praça Carnot. Os produtos, típicos da região, cativam pela diversidade de cores, frescura e em alguns casos, pela dimensão: nunca tinhamos visto tantos tamanhos de espargos e alcachofras. As especiarias também não faltam, assim como as bancadas com variedades de queijos. Mas o que nos cativou mesmo foram as frutas secas, não só pelo aroma, mas pelo impacto visual. Somos convidados a provar vários tipos, todos eles deliciosos. Explicam-nos qual o melhor modo de conservação e acabamos por trazer um pouco de cada. Tenham atenção, porque apesar de os preços serem mais convidativos do que em Portugal, na hora de pagamento podem ter uma surpresa pouco agradável. Na rua ao lado existe outro mercado, este coberto, conhecido como Les Halles.

mercado2

A manhã estava a terminar e de acordo com as previsões meteorológicas, a tarde ia ter ventos com cerca de 40km/h. Uma vez que a Igreja Saint-Vincent e a Catedral de Saint-Michel estavam fechadas, iniciámos a subida para a Cité.

Já tinhamos feito alguns km's a pé durante a manhã, por isso a subida parecia interminável, necessitando de várias paragens. Atravessamos a Ponte Velha, subimos pela zona residencial, passamos ao lado do parque de estacionamento junto à Porta Narbonnaise. A passagem pela ponte de madeira levadiça dita a nossa entrada numa viagem no tempo até à Idade Média.

Porta Narbonnaise

Há um aglomerado de pessoas que nos impedem de avançar. Todos querem guardar fotograficamente o momento. É difícil andar nas ruas estreitas e sinuosas, com muitas lojas de souvenirs, com armaduras, espadas, brinquedos, sabonetes e, claro, restaurantes e esplanadas.

Passamos pela Place du Chateau, onde está busto de Jean-Pierre Cros-Mayrevieille, historiador e arqueólogo, natural de Carcassonne.

O nosso primeiro objetivo é visitar o Château Comtal. Temos sorte: só aguardamos cerca de 10 minutos para comprar o bilhete. A entrada faz-se por uma ponte sobre um fosso, o que o torna numa fortaleza dentro duma fortaleza.

Entrada para o Château Comtal

Entrada para o Château Comtal

No seu interior há uma exposição acerca da recuperação do castelo, com maquetes e projeção de vídeo.

interior

interior
Outro espaço a destacar é a Torre de Menagem com a sua praça, local indicado para descansar um pouco.

Torre de Menagem

Interior do Château Comtal
O resto da visita faz-se circulando nas muralhas. A paisagem é imperdível, podendo ver-se a basílica, a Cité, o rio e a cidade.


Abandonamos o castelo e seguimos pelas ruas, aqui um pouco mais largas. Há restaurantes com um aspeto muito convidativo e lojas com um constante rodar de pessoas.

A nossa próxima paragem é na basílica de Saint-Nazaire. Quando entramos destaca-se logo o orgão pela sua imponência e a falta de luz faz sobressair os magníficos vitrais e as duas rocáceas. Do lado de fora, é impossível ficar indiferente às suas gárgulas.

Saímos pela Porta d'Aude em direção aos Lices, zona que fica entre as duas muralhas. O vento que se faz sentir é tão frio e forte que temos a sensação de que podemos voar a qualquer momento. Percorremos ainda algum tempo à volta dos cerca de 3km de fortificação, com as suas 52 torres mas acabamos por desistir e voltar para dentro da muralha interior, onde está mais abrigado.

Lices

Lices

Carcassonne tornou-se num local muito comercial, repleto de lojas cuidadas que convidam os turistas a entrar. Ficam algumas sugestões de visita:
  • La Cure Gourmande - a cor é cativante, assim como a simpatia das senhoras que nos dão a provar miniaturas de biscoitos com recheio de morango e chocolate.
  • L'Art Gourmand - loja de chocolate artesanal.
  • La Maison du Sud - peças em linho e algodão, saquinhos de cheiro e sabonetes.
lojas

Já a começar a escurecer, voltamos a atravessar a Ponte Velha, de volta ao hotel. Era hora de descansar um pouco e prepararmos-nos para o jantar. Acabamos por não nos afastar muito e refastelamo-nos com um tradicional cassoulet na Brasserie Gambetta: um prato tradicional da região, feito à base de feijão branco com linguiça, carne de porco e pato.

Após o jantar um pouco pesado, era tempo de fazer um pequeno passeio até à ponte para ver o castelo. Fomos surpreendidos pela quantidade de pessoas que disparam as suas máquinas. O frio é tão intenso que só é suportável pela imagem que ficará gravada para sempre nas nossas memórias.

No dia seguinte somos surpreendidos por um opíparo pequeno almoço e por um sol quente e radiante. Vamos ficar por este lado da ponte, onde nos falta ver quase tudo. Voltamos novamente à catedral Saint-Michel que desta vez está aberta. Apesar de ser um pouco escura, encontra-se iluminada pela luz que entra pelos vitrais. Ainda insistimos na Igreja Saint-Vincent mas está mesmo encerrada. É Domingo e ao contrário de ontem, as ruas estão completamente desertas. Atravessamos a Praça Gambetta e detêmo-nos um pouco na Capela de Notre-Dame de la Santé, pequena mas muito cuidada. Estamos novamente sobre a Ponte Velha a contemplar a Cité. Uma verdadeira beleza com o sol a incidir-lhe. Nas margens do Rio Aude há um parque que convida a um passeio em família.

Rio

Rio

Desta vez atravessamos a zona residêncial pelo lado direito e descobrimos ruas muito limpas, fachadas bem cuidadas e um ou outro carro que passa ocasionalmente. A missa acabou há poucos minutos na capela e espreitamos momentos antes de fechar. Subimos até ao inicio das muralhas, apenas para uma última contemplação desta cidade encantada.

Como ir:
  • Existe voo direto do Porto para Carcassonne pela Ryanair.
  • Estando em Toulouse, há comboios diretos para Carcassonne, incluindo o TGV. Os bilhetes foram comprados em Portugal e no dia anterior à partida fomos levantá-los diretamente à gare. Existem umas máquinas onde introduzindo o cartão de crédito é possível recolher os bilhetes. Caso não funcionem, dirijam-se aos balcões. Para quem fala bem o castelhano, existe um balcão único. Nos outros, terá mesmo de ser em francês ou inglês. A viagem de TGV dura aproximadamente 40 minutos.
Alojamento: ficamos no Ibis Carcassonne Centre, uma excelente opção para quem quer visitar ambos os lados. O hotel é modesto, mas está bem localizado (junto à Ponte Velha) e inclui acesso à internet.

Quanto tempo para ver Carcassonne: um dia é suficiente.

Posto de Turismo: saindo da Gare de Carcassonne, atravessar a ponte. Fica no Jardim André Chenier, oposto ao Hotel Terminus.

13 comentários:

  1. Oi muito legal o blog! Ainda não conhecia, já curtindo. Gosto muito de cidades muradas medievais e me encanta conhecer a história desses lugares. Mas ainda não conheço Carcassone, estou planejando ir à França e vou anotar suas dicas. Obrigada e um abraço, Renata

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    1. Olá Renata: nos últimos anos tenho conhecido várias cidades fora dos grandes centros urbanos que são verdadeiros tesouros. França é um país cheio de encanto.

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  2. Adoro cidades pequenas e simpáticas rodeadas de muralhas. E a França tem muitas espalhadas um pouco por todo o país. Carcassonne parece-me um lugar muito interessante para visitar.

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  3. Linda Carcassone. Amo! Sempre que vou ao sul da França, eu tento dar uma passadinha em Carcassone. Amo cidades e tudo mais que tem o estilo medieval. Suas fotos estão lindas. Parabéns! =)

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  4. Olá Eva
    Eu já estive em Carcassone e adorei! Fiquei mesmo dentro das muralhas ... a vista ao acordar não poderia ser mais romântica... :-) ... Parabéns pelo post que está muito completo!

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    1. Olá Margarida: eu fiquei fora e hoje arrependo-me. Mais um motivo para regressar! :-)

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  5. Não fazia ideia que existia voo direto do porto para lá. Não fazia parte da minha lista de cidades a visitar mas depois destas magnificas fotos e sabendo que há voo já está na minha lista. Muito obrigada pelo Post e parabéns pelo Blog.

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    1. Olá Sónia: o voo direto ajuda mas outra opção, que foi o que fiz, é ir de comboio (incluindo TGV) de Toulouse até Carcassonne. É uma viagem rápida que vale muito a pena.

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  6. Muito bonito este local! E não sabia que há voos directos a partir do Porto. Assim torna-se mais fácil. Parece-me sem dúvida uma boa opção para uma escapadinha de fim de semana. :)

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  7. Muito legal! Impressionante a arquitetura destas cidades medievais. Visitar um lugar assim é uma verdadeira imersão ao passado! Obrigado pelo post e pelas ótimas informações.

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  8. Muito bom o artigo! As fotos são muito lindas também! Adoro este tipo de cidade murada e castelos medievais! Ainda não conheço, deve entrar na lista de lugares a conhecer! Obrigado pelas dicas!

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  9. Adoro Carcassone. É uma das minhas cidades preferidas em França. É verdadeiramente fantástico. Estive lá em 2001 e adorei cada momento. Recomendo vivamente.

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  10. Olá! Seu blog é muito interessante. Não conhecia esta cidade e gostei muito da dica. Cidades como esta, totalmente sob o nude, nos caem bem aos olhos e jamais "sairão de moda",:)

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