Casa de Santar


No coração da Beira Alta, bem perto da cidade de Nelas, pode visitar-se a Casa de Santar, cuja história remonta à Idade Média. Ocupa, atualmente, um lugar de destaque na produção vinícola da região demarcada do Dão.

Casa de Santar; Enoturismo na Região Demarcada do Dão

A poucos quilómetros de Santar, já se começam a ver os vários hectares ocupados por vinhas. Estamos na Beira Alta, local de casas senhoriais, de gentes que cultivam a terra com gosto e que disso fazem o seu modo de vida.
A visita à Casa de Santar foi marcada previamente. Quando atravessamos a vila, não vemos muitas pessoas mas reparamos nas casas: em pedra, pintadas de branco, robustas. Por erro de comunicação, dirigimo-nos diretamente para a adega, em vez de entrarmos na loja, que fica na rua principal, mesmo em frente à fachada do solar.
Começamos com uma contextualização da história da propriedade, que está na mesma família há 13 gerações. Na adega, passamos pela sala de fermentação, com as suas cubas de inox; segue-se a sala de estágio, onde os tintos repousam nas barricas de carvalho francês e onde está um alambique em cobre e terminamos na sala de provas, garrafeira pessoal. Há um painel de azulejos, pintado por Pereira Cão, em 1915, retratando o deus Baco e as Bacantes.

Casa de Santar; Enoturismo na Região Demarcada do Dão

Casa de Santar; Enoturismo na Região Demarcada do Dão

Casa de Santar; Enoturismo na Região Demarcada do Dão

Saindo, começamos a subir em direção à fonte dos cavalos, decorada com uns bonitos painéis de azulejos com quatro cavaleiros. Daqui avistam-se os vários hectares de vinha que circundam a casa. Apesar de ser uma propriedade vinícola, os vinhos produzidos com o nome Casa de Santar estão sob a alçada do grupo Dão Sul / Global Wines.

Fonte dos Cavalos; Casa de Santar; Enoturismo na Região Demarcada do Dão

No patamar superior, chegamos finalmente aos jardins. O parterre de buxo está aparado, o chão limpo, as plantas cuidadas e as estátuas em bom estado. Fora dos muros, espreita a Igreja da Misericórdia de Santar, reabilitada há pouco tempo.

Casa de Santar; Enoturismo na Região Demarcada do Dão

Sem se chegar demasiado perto, o Mondego, um cão de raça Serra da Estrela, segue-nos durante o percurso. Há um pequeno nicho com a imagem de Santo António mas cujos painéis refletem a passagem do tempo.

Sem querer estragar, passamos por uma espécie de tapete de camélias, sempre com o Mondego no nosso encalço.

Casa de Santar; Enoturismo na Região Demarcada do Dão

Na sala dos coches, há uma liteira, roupas usadas pelos antigos funcionários, instrumentos agrícolas e até uma charrete com um cesto preparado para piqueniques.

Casa de Santar; Enoturismo na Região Demarcada do Dão

A cozinha é uma das melhores atrações da casa, sendo ainda utilizada. Em cima do fogão de ferro cozinha-se, um variado conjunto de tachos em cobre decora as paredes e no chão há vários potes com alfazema, que aromatizam o ambiente. Mas a joia desta cozinha reside na fonte em granito, também com uma imagem de Santo António que, noutros tempos, era sinal de grande luxo.

Casa de Santar; Enoturismo na Região Demarcada do Dão

A Capela consagrada a São Francisco de Assis é pequena. Apenas é acessível aos visitantes mas na Páscoa, as portas são abertas e quem quiser, pode entrar. Noutros tempos, os donos da casa assistiam às celebrações religiosas no andar superior, os convidados e família em baixo e os empregados ficavam ao lado do altar, onde não podiam ver os senhorios.
Como começamos a visita pelo final, terminamos na loja, onde efetuamos o pagamento (5€/pessoa), um preço acima da média, comparado com outros locais visitados. Por a casa ser habitada, não há nenhuma sala aberta ao público, o que lamentamos. E numa casa produtora de vinhos, talvez fizesse sentido, no final da visita, haver uma prova, incluída no preço. Para além de ser um gesto de cortesia, é sempre melhor adquirir um vinho quando conhecemos a sua história.
O Paço dos Cunhas de Santar, também pertencente ao grupo Dão Sul / Global Wines, é um excelente local para disfrutar de um almoço. E nada melhor do que terminar este dia dedicado ao enoturismo na Região Demarcada do Dão, do que uma visita à Quinta do Cabriz, em Carregal do Sal.



3 comentários:

  1. Sempre quis ir a Santar e creio que depois de ler o teu artigo, fiquei decidido em ir lá na minha próxima visita a Portugal.

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  2. Santar era daqueles lugares que pretendia visitar há anos e que por várias razões, acabei sempre por não ir. Recomendo a visita e terei todo o gosto em dar outras sugestões na região.

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  3. Passava as minhas férias em criança bem perto dessa casa e acredito que passados estes anos todos ainda me devo recordar de alguns lugares como as sequoias gigantes. Lembro me de ter entrado uma vez dentro de casa e de achar enorme. Obrigado pela viagem há infância

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