Conhecer Glasgow num dia


Já foi uma cidade industrial durante o século XIX, contribuindo para o crescimento do país. Hoje é a maior da Escócia, com uma arquitetura moderna, mas sem esquecer o passado. Foi considerada como Cidade da Música pela Unesco.


Kelvingrove Art Gallery and Museum

O dia começa cedo. Fazemos algumas ruas a pé até chegarmos ao Cemitério de Glasgow, conhecido como The Necropolis. Feito à semelhando do Père Lachaise, em Paris, é menos turístico, mas durante a nossa visita, cruzamo-nos com várias pessoas que nos dizem bom dia. À entrada, um placar com fotos indica as principais atrações arquitectónicas. Ver com calma o primeiro patamar implica despender de 1h mas existem mais 2, para quem os queira explorar.
As lápides estão alinhadas, algumas denotando bem a passagem do tempo, separadas por caminhos de terra batida. Os jazigos de pedra robusta são verdadeiras obras de arte, ainda que necrófila. É um bom local para uma vista panorâmica da Catedral, com o seu telhado verde.

Cemitério de Glasgow, The Necropolis

Cemitério de Glasgow, The Necropolis

Cemitério de Glasgow, The Necropolis

Atravessamos novamente a ponte e entramos na Catedral de Glasgow. A pedra é escura mas os bonitos vitrais permitem uma iluminação natural. Apesar de ser Agosto, saem lufadas de ar quente do chão e sabe mesmo sentar nos bancos corridos com as suas confortáveis almofadas a contemplar este lugar de oração. A sacristia é austera e conserva ainda a porta original. Descendo à cave, o túmulo de Santo Mungo repousa na penumbra.

Apanhámos o autocarro 19A em frente à Catedral para o Kelvingrove Art Gallery and Museum. Dois bilhetes custam 3,8£ e é preciso colocar a quantia certa numa caixa vermelha ao lado da condutora. Ao contarmos as moedas, percebemos que eram insuficientes e ao ver a nossa preocupação, uma senhora, já com alguma idade, levantou-se e ofereceu-se para pagar o restante. A condutora do autocarro disse que não era necessário. Agradecemos a ambas e aproveitamos a viagem de 20 minutos para observar a arquitetura da cidade. Há várias ciclovias e a preocupação com as acessibilidades é grande: nos edifícios, há placas que indicam o modo de acesso a pessoas com mobilidade reduzida.

Sobre o Kelvingrove Art Gallery and Museum paira uma nuvem negra mas alguns raios de sol iluminam a fachada laranja. Esperamos a hora da abertura nos bancos junto às floreiras coloridas, enquanto algumas famílias tiram fotos de grupo.

Kelvingrove Art Gallery and Museum

No átrio podem escolher-se as várias áreas a visitar. Nós aconselhamos quatro. A Scottish Art é dedicada ao grupo de artistas mais conhecido no final do século XIX: the Glasgow Boys. Com o seu modo particular de pintar, levaram o nome da cidade além fronteiras e inspiraram as gerações futuras de pintores. As obras de Charles Rennie Mackintosh, com o seu estilo único, também estão presentes e merecem uma visita demorada.

O quadro “Christ of St John of the Cross”, de Salvador Dali, tem uma sala própria, pequena para todos os que não o querem perder (a própria Rainha já o viu). Na parte dedicada à história escocesa, há alguns elementos únicos do país: Scottish Bluebell, Scottish primrose, Red Grouse, Highland cattle e o bem conhecido Haggis.

Quando terminamos a visita, o órgão fazia-se ouvir. Á hora de almoço, há pequenos concertos que animam quem faz do espaço a escolha para uma pequena refeição. O café vende sandes embaladas, tartes e saladas, boas opções para quem não quer perder muito tempo.

Kelvingrove Art Gallery and Museum

Atravessando o parque e passando sobre a ponte do rio Kelvin, chegamos à Universidade de Glasgow. Apesar dos bilhetes se poderem comprar on-line, optámos por os adquirir diretamente à guia, à entrada da Gift Shop. A Universidade de Glasgow tem quase 600 anos mas este edifício foi projetado por George Gilbert Scott e só inaugurado em 1870.

Universidade de Glasgow

Começamos na Professors' Square, onde no nº 11 morou William Thomson, mais conhecido por Baron Kelvin of Largs. Seguimos para a capela, onde estava a realizar-se um casamento de um ex-aluno. No acesso ao pátio, passamos pela estátua de Adam Smith, conhecido economista que aqui lecionou.

Começamos então a perceber que a visita não era o que esperávamos, pois apenas visitamos o exterior. Quem gostar de pormenores de arquitetura e quiser saber a história em pormenor, esta visita é ideal, mas para nós que pretendiamos ver mais o espaço, acabou por ser demasiado longa e cansativa, já para não falar do sotaque serrado, muito dificil de entender, especialmente em locais mais movimentados. No fim ainda tentamos visitar a capela mas fomos literalmente convidados a sair, uma vez que os noivos queriam tirar fotografias e não se sentiam à vontade com outras pessoas. Numa cidade onde as atrações culturais são gratuitas, estas foram as únicas 20£ desperdiçadas.

Já o mesmo não se pode dizer da The Hunterian Art Gallery. Para além da coleção de pintura a não perder, inclui também a famosa Mackintosh House, uma réplica criada à imagem da casa original do artista escocês, que hoje é símbolo da cidade de Glasgow. A visita é guiada e apesar do sotaque exagerado nem sempre permitir compreender tudo, percebemos o enorme orgulho que sentem. Visitamos a sala de jantar, com as suas particulares cadeiras; a sala de estar, branca, cheia de luz; o quarto do casal, com uma forma curiosa de arrumação; o quarto de hóspedes, em tons azuis e a sala de exposição no último piso.

The Hunterian Art Gallery; Mackintosh House

Da Universidade parte o autocarro 4A que pára bem perto da Buchanan Street. Estamos na Style Mile, um conjunto de ruas dedicadas à moda, onde estão presentes as melhores marcas. Por já ser tarde, não podemos entrar na Câmara Municipal de Glasgow e infelizmente, devido a obras, a George Square estava vedada, mas achamos piada à estátua em frente da Gallery of Modern Art ter  2 cones de sinalização de estrada.

Gallery of Modern Art

Perto da St. George Tron Church há um Starbucks, que tem a particularidade de estar decorado com mobiliário do Charles Mackintosh. Apesar de muito cheio e as cadeiras não serem confortáveis, ainda que bonitas, conseguimos uma mesa ao lado da janela e soube bem um cappuccino quente enquanto observavamos o corrupio de pessoas, mesmo após o fecho das lojas. É uma rua que nunca para.

Na Cidade da Música, alguns artistas de rua tentam convencer, com a sua voz, os transeuntes a deixarem uma moeda. Descemos a rua, agora mais calma, admirando os fachadas dos edifícios e as montras apetecíveis das lojas. Terminamos na margem do rio Clyde, onde sopra uma brisa fria.

Glasgaw

Glasgaw

Onde dormir: o hotel Holiday Inn Express Glasgow Theatreland está bem localizado, a 10 minutos da estação de comboios de Queen Street e ao lado da estação de camionagem. Tem wi-fi gratuito no quarto, que apesar de limpo e espaçoso, é mal insonorizado.

Onde comer: perto do Glasgow Royal Concert Hall há vários pubs, com os seus sofás, cadeiras almofadas e pouca luz. Os que visitamos, tinham sempre mulheres a servir ao balcão, e apesar das baixas temperaturas, não deixam de usar decotes pronunciados e maquilhagem, por vezes em excesso. Talvez seja por isso que estejam sempre cheios…de homens.

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