Palácio de San Ildefonso: um sítio real(mente) a visitar


A 12 km’s de Segóvia, o Palácio Real de La Granja de San Ildefonso é uma pérola da arquitetura barroca espanhola. A imensidão dos jardins convida a passeios calmos… muitos calmos.


Sou apaixonada por lugares com História e com histórias para contar. O Real Sítio de San Ildefonso é o resultado do sonho do rei Filipe V na procura de um refúgio à vida na corte e obrigações reais. Durantes as caçadas que gostava de fazer na região, ficou rendido à beleza da natureza envolvente e das montanhas de Guadarrama.
Foram feitas as obras necessárias para permitir a Filipe V deixar o Palácio do Escorial e mudar-se para San Ildefonso, abdicando do trono a favor do seu filho. Este falece poucos meses depois e o “rei pai” é obrigado a re-assumir o comando do reino. Novas ampliações são feitas para alojar toda a comitiva real que para cá se desloca.
Filipe V acabou por viver o resto dos seus dias no local que idealizou: um palácio luxuoso rodeado de belos jardins. O seu corpo está na Real Colegiata, juntamente com o de Isabel de Farnesio, a segunda mulher.
Quando chego a San Ildefonso, é precisamente a Colegiata que vejo em primeiro lugar. O céu carregado de um profundo cinzento faz-me pensar se terei oportunidade de visitar a imensidão dos seus jardins.


Como venho do Palácio Real de Riofrio, onde adquiri o bilhete conjunto, entro logo no Museu dos Tapetes. Todas as paredes estão forradas com tapeçaria flamenga de Isabel, a Católica e Carlos V. Alguns quadros com a flor de lis no canto recordam-me Isabel de Farnesio.
Mas é quando subo a escadaria e chego ao andar superior que entro verdadeiramente num lugar de sonho. A visão não é capaz de assimilar toda a opulência do lugar: os tectos ricamente decorados com cenas mitológicas; o mobiliário em talha dourada; os quadros de pintores famosos; a coleção de relógios; os candelabros da Real Fábrica de Cristales de La Granja; os objetos em porcelana e as inúmeras lareiras, que  por estarem limpas, revelam os pormenores da decoração.
O quarto do rei é o mais faustoso e ocupa o centro do palácio: o tecto com representações de Cupido e Psiquê e a cama em estilo imperial, decorada com sedas e bordados de prata. Mas o melhor é a vista privilegiada para o jardim de buxo e a cascata nova.


Nesta imensidão de divisões, a minha favorita foi a sala das lacas. Antigo quarto dos reis, cativou-me pelo seu exotismo, o contraste de cores entre o azul turquesa e o vermelho e pelas pinturas com cenas da vida de Cristo.
Regresso ao piso térreo onde termino a visita ao palácio. Aqui está exposta a coleção de escultura de Filipe V e Isabel de Farnesio, que ocupa várias salas. Apesar de opulência não ser a mesma, os tectos mantêm-se decorados, o chão revestido a mármore e as estátuas sucedem-se sala após sala.
Quando saio, espreito o céu. O cinzento ficou mais denso e a chuva está na iminência de cair. Não há tempo a perder. Do lado direito do palácio fica a fonte da selva, com representações das figuras mitológicas de Vertumo e Pomona.


Volto a subir e continuo para as fontes dos cavalos, um espaço de acesso aos níveis superiores. As estátuas pintadas de modo a simular o bronze refletem na água a sua imagem, criando um jogo de espelhos. Ao redor, várias filas de árvores, estrategicamente colocadas.





Na fonte das três graças, junto ao pequeno pavilhão, é o melhor local para ver a fachada do palácio. O quarto do rei ocupa as janelas ao centro e a sua vista é magnífica, não só da cascata nova e do parterre de buxo, como dos restantes jardins.


Quando começo a descer junto à fonte de Anfitrite, sinto as primeiras gotas de chuva. Em passo de corrida, consigo chegar à entrada do palácio e abrigar-me.


Percebo com tristeza que a visita aos jardins terminou aqui. A chuva intensificou-se e o único local para onde posso ir é a Real Colegiata.


Sento-me defronte do retábulo maior, de costas para a tribuna real. Do lado esquerdo, na Capela das Relíquias, repousa Filipe V.
Tal como noutros palácios espanhóis, as fotografias são proibidas no interior, mas durante o longo período de tempo que aqui estive, tentei reter o máximo. O ponto em comum é o excelente estado de conservação, fruto de uma política ativa de preservação do património. Passaram três séculos mas é como se fosse novo. Tudo brilha, ou não fosse esta uma obra barroca, idealizada por um rei que apenas queria ânimo para viver.

Plaza de España, 15
40100 Real Sitio de San Ildefonso – Segóvia


4 comentários:

  1. Adoro este sitio real...acho um privilégio estar tão perto de este mini-Versailhes.

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  2. Olá Marta: apesar da visita não ter corrido como planeado devido à chuva, foi dos meus palácios favoritos.

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  3. Ola boa noite,
    Mais um relato excelente de um magnifico local. Dentro de 2 semanas vou andar por estas bandas e estarei também por Segóvia. Vi pelo mapa que o palácio não dista muito da cidade mas gostaria de saber qual a melhor forma de chegar de Segóvia até este local. Parabens pelas postagens e as fotos são sempre magnificas

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  4. Olá: todo o percurso foi feito de carro. Saí de Segóvia em direção à Granja de San Ildefonso. Pelo caminho encontrei indicação para o Palácio Real de Riofrío. Ainda são alguns km’s e as indicações escasseiam mas o desvio acabou por compensar. Pode também ver as minhas sugestões de visita a Segóvia. Durante esta semana irei colocar mais novidades. Boa viagem!

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