A arte e o amor na Casa Museu Acácio Lino


Na Casa das Figueiras, em Travanca, pode visitar-se  o lugar onde morou o pintor Acácio Lino, conhecer a sua vida e obra, mas acima de tudo, o seu grande amor.

Casa Museu Acácio Lino

Transpor o portão que dá acesso à Casa Museu Acácio Lino e percorrer o caminho ladeado de grandes árvores é indicador suficiente de que não estou num lugar comum. E mesmo com a chuva a teimar em cair, em nada altera a sua beleza.
Acácio Lino nasceu em Travanca, numa casa um pouco mais abaixo, que é possível avistar-se deste jardim. Era o sétimo de doze irmãos, de uma família de abastados lavradores. O retrato que pintou dos pais com apenas doze anos testemunha o seu talento, o que o levou a estudar pintura contra a vontade paterna.
Este terreno foi adquirido pelo pintor, que projetou a casa e o jardim, tendo em conta as árvores, algumas das quais carvalhos centenários, que já existiam no local. A morar no Porto, Acácio Lino vinha de carro, o único na aldeia, entrava pela porta em forma de arco e por aqui permanecia, desde a Páscoa até ao verão.

Casa Museu Acácio Lino

Na mesa de pedra, nos bancos ou percorrendo caminhos entre a vegetação, aqui se realizaram vários encontros e tertúlias. Acácio Lino foi um homem que cultivou a família, a amizade e o amor. Passear pelo jardim é descobrir a admiração de alunos e amigos que cimentaram, através da arte e cultura, relações intemporais: o busto do mestre Silva Porto ou a estátua do menino e do ganso oferecida pelos alunos.

Casa Museu Acácio Lino

Partilhou a vida e esta casa com a sua muito amada mulher. Mesmo após a morte, Dina e o pintor permanecem lado a lado, no cemitério junto ao Mosteiro de Travanca. São vários os testemunhos deste amor: a estátua do cupido, os dois pombos, os corações, os painéis e os azulejos à entrada da porta.

Casa Museu Acácio Lino

A pequena capela de Nossa Senhora da Saudade, erguida cinco anos após a morte da Dina, é uma dedicatória a todos de quem tinha saudade. Alguns símbolos por cima da porta testemunham a sua ligação à maçonaria.
As obras mais conhecidas e grandiosas serão a Sala Acácio Lino, na Assembleia da República, em Lisboa ou o teto do Teatro São João, no Porto. Nelas estão presentes o seu elevado sentido patriótico e histórico. No entanto, também se centrou na escultura, pintura paisagística e rural, sempre com uma enorme sensibilidade na abordagem dos conteúdos. O quadro “As Moleiras” é um dos exemplos mais conhecidos.
Mas nesta casa conhecemos um lado mais íntimo. Entro no seu antigo atelier, projetado por si para local de trabalho.

Casa Museu Acácio Lino

Paredes verdes, chão em madeira, um pequeno fogão e aquecedores para contrariar o frio. Sobre a secretária, um busto, a paleta, os pincéis ainda com tinta, a mala de trabalho e algumas máquinas fotográficas antigas. Na parede, o quadro que pintou dos pais com apenas doze anos. O quadro e busto da sua amada Dina e o modelo da estátua “A Juventude” de Henrique Moreira.

Casa Museu Acácio Lino

Casa Museu Acácio Lino

Atualmente, a casa pertence aos sobrinhos de Acácio Lino e por isso não é possível visitar mais divisões. Apesar de ser um projeto de cariz privado, pretende divulgar a obra do pintor através de atividades lúdicas e culturais direcionadas para várias públicos e visitas guiadas com marcação prévia.

Casa das Figueiras
Rua do Pintor Acácio Lino
4605-436 Travanca – Amarante

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