Nápoles e Pompeia-Parte II


Pompeia deve o seu mediatismo ao facto de em 79 d.C. uma erupção do vulcão Vesúvio ter “sepultado” a cidade com cinzas, deixando-a tal como estava quando em meados do século XVIII foi escavada. Classificada como Património Mundial pela UNESCO, Pompeia recebe milhões de visitantes todos os anos. É um verdadeiro mergulho no tempo e na História.

Casa della Venere in Conchiglia, Pompeia, Itália

Após um pequeno-almoço muito leve, causado pela má disposição do tagliatelle com molho de coelho, atravessámos novamente a Praça Garibaldi e apanhámos o comboio na estação Napoli Centrale: muito velho, pouco cómodo e todo grafitado.

Saímos na estação Villa Dei Misteri e em poucos metros, estávamos na entrada Porta Marina. O percurso não tem nada que enganar e está cheio de pequenas bancas de venda de bebidas, frutas e chapéus. Assim que chegamos, colocámos-nos na fila para comprar os bilhetes. Enquanto um esperava, o outro foi alugar os áudio-guias, que necessitam deixar o Cartão do Cidadão ou Passaporte. Aqui há uma enorme concentração de pessoas, umas que vêm individualmente, outras em grandes grupos de autocarros e têm uma entrada própria. Quando adquirimos os bilhetes é-nos dado um grande mapa com todos os pontos que são importantes ver. Entramos e vamos na corrente de pessoas.

A nossa primeira paragem é na Basílica, do século II a.C. e da qual apenas resta o pórtico e algumas colunas que formavam as três naves. Enquanto tirávamos algumas fotos, começámos a ouvir uma guia aos gritos com um chapéu de chuva no ar e a dirigir-se para um grupo de jovens que tinham subido para as colunas e tentavam ver quem conseguia equilibrar-se melhor para a fotografia. Eram portugueses. A guia explicou-lhes que estavam num lugar que era Património Mundial e que aquele tipo de comportamento era inaceitável. Lá desceram, contrariados, e nós seguimos o nosso percurso.

Basílica, Pompeia, Itália

Em frente ficam os edifícios de administração pública e do lado oposto, o fórum, coração da cidade e centro da vida política, económica e religiosa.

Fórum, Pompeia, Itália

Neste espaço estão concentrados vários templos e edifícios associados ao comércio, como o dedicado à sacerdotisa Eumaquia e a Mensa Ponderaria, destinado ao controlo dos pesos e medidas dos produtos. É aqui que também está o Granai del Foro, local onde se guardam dezenas de ânforas e outros elementos resultantes das escavações. O que chama a nossa atenção são os modelos em gesso que representam pessoas no momento em que forma cobertas pelas cinzas do Vesúvio.

Passamos o Arco Onorario e aguardamos na fila para entrar nas Termas do Foro. Estamos a meio da manhã e o sol já queima.

Arco Onorario, Pompeia, Itália

As Termas do Foro têm alguns pontos de luz que quebram a penumbra. É o único local coberto até agora visitado e devido à sua frescura, há um cão a dormir a um canto. Visitamos várias salas, umas para homens, outras para mulheres. Circulamos à volta da parte central num passo muito lento, dado o enorme fluxo de pessoas.

Ao lado do arco temos o Thermopolium Caupona, uma espécie de restaurante pronto-a-comer, onde a comida era mantida nos orifícios das bancadas.

Thermopolium Caupona, Pompeia, Itália

A zona que se segue é constituída por várias villas: Casa de Pansa, que ocupa um quarteirão inteiro…

Casa de Pansa, Pompeia, Itália

Casa de Pansa, Pompeia, Itália

…Casa dei Dioscuri…

Casa dei Dioscuri, Pompeia, Itália

… e a Casa della Fontana Piccola.

Casa della Fontana Piccola, Pompeia, Itália

As fontes são bastante trabalhadas e estão em bom estado de conservação e nas paredes ainda se podem ver algumas pinturas. A Casa della Fontana Piccola é bastante grande, com primeiro andar e ainda conserva os mosaicos e alguns trabalhos em pedra.

Seguimos pela Via Consolare, uma típica calçada romana e atravessamos a Porta di Ercolano. Dirigimo-nos para a “pérola de Pompeia”: a Villa dei Misteri. Aqui já não há multidões e podemos sentar-nos um pouco na zona da necrópole.

Porta di Ercolano, Pompeia, Itália

A Villa dei Misteri está situada fora da cidade e é a melhor e mais bem conservada. Podem ver-se numa das divisões frescos representativos da iniciação de uma mulher nos mistérios do casamento.

Villa dei Misteri, Pompeia, Itália

No regresso, passamos pela zona da muralha e na Torre di Mercurio XI tem-se uma visão panorâmica de Pompeia.  Passamos pela Necropole di Porta Vesuvio, onde há um pouco de sombra e é possível sentar. Descemos em direção ao Castellum Aquae, reservatório de água, que fazia a distribuição para outros pontos na cidade, alguns com esculturas de animais.

Castellum Aquae, Pompeia, Itália

A Casa Degli Amorini Dorati conserva ainda boas pinturas.

Casa Degli Amorini Dorati, Pompeia, Itália Casa Degli Amorini Dorati, Pompeia, Itália

Atravessamos toda a cidade pela calçada romana, que, em determinados pontos, tem umas elevações de pedra, que serviam para as pessoas atravessarem na altura das chuvas intensas, quando as estradas ficavam enlameadas. A distância das pedras era calculada de modo às carroças poderem passar entre elas. Ainda hoje são visíveis as marcas das rodas.

Calçada Romana, Pompeia, Itália

Calçada Romana, Pompeia, Itália

Descemos até à Porta di Stabia, onde há muito para ver: o Templo de Isis (a estátua Isis e os frescos encontram-se no Museu Arqueológico Nacional de Nápoles)…

… o Quadriportico dei Teatri…

Quadriportico dei Teatri, Pompeia, Itália

…o Odeion - Teatro Piccolo…

Odeion - Teatro Piccolo, Pompeia, Itália

…e o Teatro Grande, com capacidade para 5000 pessoas.

Teatro Grande, Pompeia, Itália

Este local é bastante interessante, uma vez que é possível andar na zona de acesso ao teatro, permitindo uma visão não só do espectador, mas também do ator.

Próxima paragem é no anfiteatro, com o exterior muito bem conservado, mas quando passamos o túnel de acesso, ficamos um pouco desiludidos: menor do que aparenta e apenas com uma parte das bancadas.

Anfiteatro, Pompeia, Itália

Sentamo-nos na relva, encostados ao muro, à sombra. Olhamos para o mapa de modo a perceber o melhor acesso para chegarmos à saída. Está muito calor e estamos realmente cansados mas muito satisfeitos.

Na Via dell’Abbondanza, uma das principais da cidade, que vai desde a Porta di Sarno até ao Fórum, somos surpreendidos pelas várias villas de uma grande riqueza e absolutamente imperdíveis: quando parecia já não haver muito mais para visitar, entramos na Casa della Venere in Conchiglia, famosa pela pintura na parede da deusa Vénus dentro de uma concha. Outra pintura muito conhecida é a do deus Marte.

Casa della Venere in Conchiglia, Pompeia, Itália

Na Casa di Octavius Quartio, que também ocupa um quarteirão inteiro, tem um dos maiores jardins, onde está esta pintura junto a um altar.

Casa di Octavius Quartio, Pompeia, Itália

No Thermopolium di Vetutius Placidus, há várias bancadas com orifícios usados para colocarem comida feita e pronta a vender. Ao fundo, uma pintura simbolizando um lararium, com os deuses Lares, Penates, Mercúrio e Baco.

Thermopolium di Vetutius Placidus, Pompeia, Itália

A nossa visita está a terminar. Já perto da saída, passamos ainda pelo Templo de Apolo.

Templo di Apollo, Pompeia, Itália

A saída é feita junto à porta Marina e voltamos à estação onde apanhamos o mesmo comboio velho, grafitado e nada confortável. Pouco importa, pois ainda estamos inebriados pela experiência pela qual acabámos de passar. Pompeia foi tudo o que esperávamos e muito mais. Os templos, os teatro e o anfiteatro são verdadeiramente grandiosos mas são as villas, com as suas pinturas, os seus recantos e as suas fontes que nos transmitem a unicidade de Pompeia.

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