Na Rota do Românico: Mosteiro do Salvador de Paço de Sousa


Espalhados por doze concelhos que abarcam os vales do Sousa, Tâmega e Douro, os 58 monumentos da Rota do Românico remontam à fundação de Portugal.

Mosteiro do Salvador de Paço de Sousa

De visita ao norte de Portugal, com passagem pelos concelhos de Penafiel, Amarante e Felgueiras, era imperativo conhecer a Rota do Românico. Escolhi três monumentos para visitar: o Mosteiro do Salvador de Paço de Sousa, o Mosteiro do Salvador de Travanca e o Mosteiro de São Martinho de Mancelos. Fiz a reserva previamente através do site e à hora marcada compareci no local.
Com a chuva a teimar em cair, dirijo-me para à torre sineira onde o José Augusto me aguarda. Recorrendo ao grande quadro na parede é-me dada uma contextualização da rota e de alguns monumentos incontornáveis. Rapidamente percebo a emoção, vastos conhecimentos e referências literárias fornecidas: aqui trabalha-se com uma enorme dedicação e transmite-se com orgulho a sua História.

Mosteiro do Salvador de Paço de Sousa

Considerado o mais românico do todos os monumentos, iniciamos a visita junto do portal principal, nobre e repleto de pormenores. Composto por várias arquivoltas, algumas colunas têm o fuste com oito lados e os capiteis apresentam motivos vegetalistas. De cada lado, duas mísulas, uma com a figura de um homem/monge que segura o queixo em tom pensativo e outra de um boi. Remetem para o trabalho silencioso em prol do Senhor. Por cima, duas figuras erguem o Sol e Lua. A rosácea é do século XX, cópia da existente na Igreja de São Pedro de Roriz.

Mosteiro do Salvador de Paço de Sousa

Atravesso o portal e entro na igreja, construída com parede dupla e robusta, que no interior foi preenchida com terra e saibro. Com uma nave principal e duas laterais, ao fundo culmina com a capela-mor. No teto, um conjunto de abóbadas em pedra. Um olhar mais atento permite descobrir as siglas (marcas do trabalho do canteiro) e elementos figurativos ligados a Santiago de Compostela (vieiras e estrelas).
Finalizo em grande com o ex-libris: o túmulo de Egas Moniz. A Honra e Coragem do aio de D. Afonso Henriques são sobejamente conhecidas e estão retratadas na sua última morada. A viagem a Toledo para oferecer a vida e da família ao rei D. Afonso VII e o momento da morte, em que a alma sai pela boca e é recolhida por dois anjos.

Túmulo de Egas Moniz; Mosteiro do Salvador de Paço de Sousa

O Mosteiro do Salvador de Paço de Sousa é um dos expoentes máximos da Rota do Românico. Ao longo dos séculos foi sendo alterado, em particular no Estado Novo, quando se tentou devolver o traço original, mais românico (fecharam-se janelas, mudou-se a localização da torre sineira).
Não fosse a chuva e um plano de visitas apertado teria ficado por ali a disfrutar do local. As mesas de madeira debaixo das grandes árvores convidam a um piquenique em dias mais quentes. Um lugar de vincada identidade, projetado para ser admirado pelo seu exterior, onde os sons e envolvência natural elevam o trabalho arquitectónico.

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